Orlângelo Leal
Dentro das
pesquisas de Dona Zefinha estão os experimentos sonoros, cênicos e
coreográficos. O grupo busca nos arquétipos ancestrais das manifestações
“ibero-afro-ameríndio”, bem como nas festas, nos folguedos e noutros eventos
importantes de comunidades tradicionais, encontrar na representação mais
autêntica da manifestação cultural, no seu ambiente de origem, identificar os
mecanismos e os discursos que viabilizem um misancene mais orgânico.
Além da importância de cada uma dessas manifestações culturais
como fonte de inspiração, enquanto patrimônio imaterial torna-se também
relevante o fato delas possibilitarem a recriação, fonte inesgotável de criação
artística, possibilitando a incorporação de alguns elementos inovadores,
julgados interessantes pelo grupo. É ai talvez que esteja o elo de interação
entre o “tradicional” e o “moderno”.
O grupo não se limita a reproduzir as expressões da cultura
popular, mais reinventá-las permanentemente, levando para seus espetáculos
elementos cênicos cada vez mais versáteis, elaborados e comunicativos, possibilitando
assim um contato mais próximo com a platéia, bem como a busca de um jogo cênico
melhor arquitetado.
Existem ferramentas que podem ampliam o campo de possibilidades
cênicas de um interprete? Como encontrar a alquimia entre espaço e tempo para que
o espetáculo não seja uma mera exibição de habilidades? Como seduzir e encantar
a platéia? Como fazer contato com o público? Como encontrar o humano no meio do
folclórico?
Atores autônomos e conscientes de seu ofício e do espaço onde seu
teatro acontece. Esta é a busca. No
processo de montagem dos espetáculos do grupo sempre envolveu treinamento do
elenco com estudos de música, no jogo cênico do palhaço, nas artimanhas do
pregão e na velocidade da improvisação, trazendo para os mesmos, algumas
experiências, formas, situações, ambientes, possibilidades e sugestões para que
os atores possam administrar melhor o jogo cênico e a relação com a plateia.
Neste sentido merece destaque a reflexão empreendida pelo
teatrólogo Oswald Barroso no ensaio “A Arte e a Cultura na Construção da
Reforma Agrária”. (Incra – Superintendência Regional do Ceará, 2005, p. 58.)
Tratando sobre a relação entre a tradição e a contemporaneidade e apresentando
pistas para o fazer cultural no âmbito da cultura popular tradicional o autor
afirma:
Coloca-se, então, para a contemporaneidade a tarefa de, sem abrir mão
das conquistas tecno-científicas da modernidade e sem se submeter às limitações
do pensamento mítico, recuperar a força anímica e os saberes da cultura popular
tradicional. Em outras palavras, cabe à pós-modernidade libertar-se do
exclusivismo da racionalidade científica positivista e reencantar o mundo,
resgatando a capacidade poética-imaginativa do homem reconciliado com a
natureza. (1)
A tradição e a modernidade estão presentes nos espetáculos do
grupo sim. Talvez por influencias interioranas de Itapipoca, talvez o acaso...
O que se sabe é que a estrada e o tempo conduziram o olhar dos membros do grupo
para a formação do “ator brincante”,
fazendo contato com uma “dramaturgia
popular” e encenações para os “terreiros”
do mundo.
Serviços:
O mais novo projeto da banda o público de Itapipoca vai poder conferir numa exibição de Ch@furdo logo mais as 20 horas na casa de teatro dona zefinha... Compareça:
e ai pessoal, eu fui ai hoje conhecer vocês, junto à meus colegas do Colégio Meu Doce Lar. Suas apresentações são incríveis. tchau.
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