terça-feira, 28 de agosto de 2012

Dona Zefinha | Modos de pensar e criar a partir da fusão entre tradição e modernidade



Orlângelo Leal
 
Dentro das pesquisas de Dona Zefinha estão os experimentos sonoros, cênicos e coreográficos. O grupo busca nos arquétipos ancestrais das manifestações “ibero-afro-ameríndio”, bem como nas festas, nos folguedos e noutros eventos importantes de comunidades tradicionais, encontrar na representação mais autêntica da manifestação cultural, no seu ambiente de origem, identificar os mecanismos e os discursos que viabilizem um misancene mais orgânico. 

Além da importância de cada uma dessas manifestações culturais como fonte de inspiração, enquanto patrimônio imaterial torna-se também relevante o fato delas possibilitarem a recriação, fonte inesgotável de criação artística, possibilitando a incorporação de alguns elementos inovadores, julgados interessantes pelo grupo. É ai talvez que esteja o elo de interação entre o “tradicional” e o “moderno”.

O grupo não se limita a reproduzir as expressões da cultura popular, mais reinventá-las permanentemente, levando para seus espetáculos elementos cênicos cada vez mais versáteis, elaborados e comunicativos, possibilitando assim um contato mais próximo com a platéia, bem como a busca de um jogo cênico melhor arquitetado. 

Existem ferramentas que podem ampliam o campo de possibilidades cênicas de um interprete? Como encontrar a alquimia entre espaço e tempo para que o espetáculo não seja uma mera exibição de habilidades? Como seduzir e encantar a platéia? Como fazer contato com o público? Como encontrar o humano no meio do folclórico? 

Atores autônomos e conscientes de seu ofício e do espaço onde seu teatro acontece.  Esta é a busca. No processo de montagem dos espetáculos do grupo sempre envolveu treinamento do elenco com estudos de música, no jogo cênico do palhaço, nas artimanhas do pregão e na velocidade da improvisação, trazendo para os mesmos, algumas experiências, formas, situações, ambientes, possibilidades e sugestões para que os atores possam administrar melhor o jogo cênico e a relação com a plateia. 

Neste sentido merece destaque a reflexão empreendida pelo teatrólogo Oswald Barroso no ensaio “A Arte e a Cultura na Construção da Reforma Agrária”. (Incra – Superintendência Regional do Ceará, 2005, p. 58.) Tratando sobre a relação entre a tradição e a contemporaneidade e apresentando pistas para o fazer cultural no âmbito da cultura popular tradicional o autor afirma:

Coloca-se, então, para a contemporaneidade a tarefa de, sem abrir mão das conquistas tecno-científicas da modernidade e sem se submeter às limitações do pensamento mítico, recuperar a força anímica e os saberes da cultura popular tradicional. Em outras palavras, cabe à pós-modernidade libertar-se do exclusivismo da racionalidade científica positivista e reencantar o mundo, resgatando a capacidade poética-imaginativa do homem reconciliado com a natureza. (1)

A tradição e a modernidade estão presentes nos espetáculos do grupo sim. Talvez por influencias interioranas de Itapipoca, talvez o acaso... O que se sabe é que a estrada e o tempo conduziram o olhar dos membros do grupo para a formação do “ator brincante”, fazendo contato com uma “dramaturgia popular” e encenações para os “terreiros” do mundo.

Serviços:
O mais novo projeto da banda o público de Itapipoca vai poder conferir numa exibição de Ch@furdo logo mais as 20 horas na casa de teatro dona zefinha... Compareça:



Um comentário:

  1. e ai pessoal, eu fui ai hoje conhecer vocês, junto à meus colegas do Colégio Meu Doce Lar. Suas apresentações são incríveis. tchau.

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