quarta-feira, 30 de maio de 2012

Felicidade irônica dos bobos



Fichamento organizado por Orlângelo Leal a partir dos textos: “A Verdade dos Bobos” e “Origemesotérica do Bobo da Corte”










- E se de repente despertássemos nosso bobo da corte interior?
- Sim!
- Para que?
- “Para rir de nós mesmos!”

“Este personagem o bobo da corte, foi muito ativo e querido nos castelos europeus do medievo. Faziam a corte rir durante os banquetes contando piadas, fazendo imitações, tudo para entreter a nobreza. Aparentemente ingênuo e inconseqüente, de língua afiada, insultava e fazia comentários ásperos e irônicos sobre as atitudes e posturas do séquito”.

“Reis, imperadores e nobres em geral, desde o Império Romano Bizantino, sempre gostaram de ter em seus castelos um profissional encarregado de fazê-lo rir. Cambalhotas, piadas, mímica, música e acrobacia eram alguns dos truques que os bobos, também chamados de truões, bufos, bufões ou curingas, usavam em seu oficio de agradar à corte”.

“O bobo da corte divertia de maneira inteligente, atrevido e sagaz. O bobo podia tudo e dizia tudo o que o povo sofrido e abandonado gostaria de dizer, mostrava as duas faces da realidade, revelando as discordâncias íntimas e expondo as ambições do rei. Em geral, era um indivíduo de grotesca figura - corcunda ou anão. A feiúra era uma de suas credenciais para o escárnio irrestrito. Convidado algumas vezes para as reuniões do conselho, pois ele não precisava ter medo de contrariar ninguém, criticar e zombar de ninguém. Assim, com a chacota de um deformado, o conselho ponderava sobre diversos assuntos.”

“Mas nem todos os bobos eram da corte. Havia também os bobos do povo, artistas de cidades e também os itinerantes, que viajavam pela Europa em grupo. Companhias que, de feudo em feudo, de burgo em burgo, levavam sua magia, seu teatro, suas palhaçadas”. 

“Bufos do povo não podiam fazer o que bem entendessem. Se um truão “de rua” falasse mal do rei, certamente teria cortada a sua cabeça, com chapéu de guiso e tudo. Mas os bobos da corte tinham carta branca: podiam criticar, zombar da nobreza diante da própria nobreza. De certa forma, acabavam sendo porta-vozes do povo, pois pelo humor criticavam as cobranças abusivas de impostos ou o que quer que fosse. Invejável direito de ser insolente!”

“Embora protegidos ou não os bobos imitavam as atitudes e os gestos (corporais, faciais etc.) de todos, contavam histórias que não tinham “nem pé nem cabeça”, porém seu significado oculto era sempre o de fazer com que todos refletissem. Refletir sobre o quê? Sobre a incongruência, a subjetividade, do ser humano”.

“Suas atitudes dúbias, conflitivas, que numa hora o levam a uma direção, noutra o conduzem a uma direção totalmente diferente, muitas vezes até em sentido contrário. Essa é a finalidade essencial, primitiva, dos Ensinamentos do bobo da corte. Levar uma sabedoria psicológica por meio do riso, das alegorias subjetivas, das pantomimas, do hilário”.

“Talvez sua função sirva para nós como um alter-ego, um espelho, uma paródia da própria sociedade”. 

“Quanto de ensinamentos psicológicos da linguagem simbólica de  auto-desprezo e da ridicularização do nosso próprio Ego, que um bobo nos mostra aliviando a tensões de nossas vidas tão cheia de esquisitices, desgraças, desequilíbrios, fatalidades e conflitos?”

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