Fichamento
organizado por Orlângelo Leal a partir dos textos: “A Verdade dos Bobos” e “Origemesotérica do Bobo da Corte”.
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E se de repente despertássemos nosso bobo da corte interior?
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Sim!
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Para que?
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“Para rir de nós mesmos!”
“Este personagem o bobo da corte, foi muito ativo e
querido nos castelos europeus do medievo. Faziam a corte rir durante os
banquetes contando piadas, fazendo imitações, tudo para entreter a nobreza. Aparentemente
ingênuo e inconseqüente, de língua afiada, insultava e fazia comentários
ásperos e irônicos sobre as atitudes e posturas do séquito”.
“Reis, imperadores e
nobres em geral, desde o Império Romano Bizantino, sempre gostaram de ter em
seus castelos um profissional encarregado de fazê-lo rir. Cambalhotas, piadas,
mímica, música e acrobacia eram alguns dos truques que os bobos, também
chamados de truões, bufos, bufões ou curingas, usavam em seu oficio de agradar
à corte”.
“O bobo da corte
divertia de maneira inteligente, atrevido e sagaz. O bobo podia tudo e dizia
tudo o que o povo sofrido e abandonado gostaria de dizer, mostrava as duas
faces da realidade, revelando as discordâncias íntimas e expondo as ambições do
rei. Em geral, era um indivíduo de grotesca figura - corcunda ou anão. A feiúra
era uma de suas credenciais para o escárnio irrestrito. Convidado algumas vezes
para as reuniões do conselho, pois ele não precisava ter medo de contrariar
ninguém, criticar e zombar de ninguém. Assim, com a chacota de um deformado, o
conselho ponderava sobre diversos assuntos.”
“Mas
nem todos os bobos eram da corte. Havia também os bobos do povo, artistas de
cidades e também os itinerantes, que viajavam pela Europa em grupo. Companhias
que, de feudo em feudo, de burgo em burgo, levavam sua magia, seu teatro, suas
palhaçadas”.
“Bufos
do povo não podiam fazer o que bem entendessem. Se um truão “de rua” falasse
mal do rei, certamente teria cortada a sua cabeça, com chapéu de guiso e tudo.
Mas os bobos da corte tinham carta branca: podiam criticar, zombar da nobreza
diante da própria nobreza. De certa forma, acabavam sendo porta-vozes do povo,
pois pelo humor criticavam as cobranças abusivas de impostos ou o que quer que
fosse. Invejável direito de ser
insolente!”
“Embora protegidos ou não os bobos imitavam as atitudes e os gestos (corporais, faciais etc.) de todos, contavam histórias que não tinham “nem pé nem cabeça”, porém seu significado oculto era sempre o de fazer com que todos refletissem. Refletir sobre o quê? Sobre a incongruência, a subjetividade, do ser humano”.
“Embora protegidos ou não os bobos imitavam as atitudes e os gestos (corporais, faciais etc.) de todos, contavam histórias que não tinham “nem pé nem cabeça”, porém seu significado oculto era sempre o de fazer com que todos refletissem. Refletir sobre o quê? Sobre a incongruência, a subjetividade, do ser humano”.
“Suas atitudes dúbias, conflitivas,
que numa hora o levam a uma direção, noutra o conduzem a uma direção totalmente
diferente, muitas vezes até em sentido contrário. Essa é a finalidade
essencial, primitiva, dos Ensinamentos do bobo da corte. Levar uma sabedoria
psicológica por meio do riso, das alegorias subjetivas, das pantomimas, do
hilário”.
“Talvez sua função sirva para nós
como um alter-ego, um espelho, uma paródia da própria sociedade”.
“Quanto de ensinamentos psicológicos
da linguagem simbólica de auto-desprezo
e da ridicularização do nosso próprio Ego, que um bobo nos mostra aliviando a
tensões de nossas vidas tão cheia de esquisitices, desgraças, desequilíbrios,
fatalidades e conflitos?”
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