Entra em cena o I Festival Nacional de Teatro de Rua, com apresentações teatrais e debates sobre o espaço público apropriado pela arte
No teatro de rua, o corpo e a voz do ator pulsam no espaço aberto. É
no local público, terreno de todos, que a linguagem teatral mais se
aproxima de seu espectador. Com a proposta de fazer circular uma
programação que, comumente, se atém aos limites da Capital, entra em
cena a mostra de espetáculos do I Festival Nacional de Teatro de Rua do
Ceará (FNTR-CE).
Dez companhias de todo o País participam do
evento voltado unicamente para a região metropolitana. Maracanaú,
Maranguape e Pacatuba são as cidades-palco do FNTR-CE, organizado pelos
grupos cearenses Garajal e Pavilhão da Magnólia. Em esquema rotativo e
simultâneo, os três municípios recebem a programação integral que segue
até o dia 26 deste mês.
Segundo o diretor do Pavilhão da
Magnólia, Nelson Albuquerque, o teatro de rua traz consigo a
democratização da arte ao proporcioná-la para as pessoas que estão na
rua. “Ele é mais acessível, com uma linguagem mais popular, que se
aproxima das pessoas. Além disto, está dentro de um conceito de ocupação
da cidade e de seus espaços públicos, para que eles sejam apropriados
pela arte. Essas manifestações também possibilitam o encontro fora dos
espaços fechados, já que hoje as pessoas têm medo de ir pra rua”,
acredita Nelson, também coordenador do festival.
Integram a
programação, o goiano Teatro que Roda com o esperado Das Saborosas
Aventuras de Dom Quixote De La Mancha e Seu Escudeiro Sancho Pança. O
paraibano Ser Tão Teatro, encena Flor de Macambira e a companhia
paulista Buraco d’Oráculo fecha as atrações nacionais com o trabalho Ser
Tão Ser. Os cearenses estão representados pelos grupos D. Zefinha, Nóis
de Teatro e Os Pícaros Incorrigíveis.
Comemoração
O
I Festival Nacional de Teatro de Rua marca o início das comemorações
aos dez anos de estrada do Grupo Garajal, de Maracanaú, celebrados em
2013. O coletivo surgiu desenvolvendo técnicas teatrais como ferramenta
de resgate da cultura popular no município distante 24,6 km de
Fortaleza, sempre focando no teatro de rua, de bonecos e no circo.
De
acordo com Mario Jorge Maninho, diretor do Garajal, este festival atua
ainda como impulsionador das ações culturais desenvolvidas pelos
artistas locais. A intenção é minimizar as razões para a migração de
grupos artísticos para a Capital. “É importante colocar que no Ceará
existem festivais de grande porte, como é o caso de Guaramiranga
(Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga), o Cariri (Mostra Sesc
Cariri de Cultura) e o Festival dos Inhamuns. A região metropolitana
estava precisando de uma ação como esta”, reconhece.
“Para a
próxima edição já pensamos em fazer em outras três cidades, para que
este corredor cultural que se concentra em Fortaleza possa escoar para
outras localidades esta programação cultural. É importante reconhecer
que os nomes destas cidades vão percorrer junto com estes grupos”,
completa Nelson Albuquerque.
Teatro e Rua
Durante
todo o dia de hoje, os artistas entram no Teatro Dorian Sampaio, em
Maracanaú, desta vez para debater o “Teatro de Rua e a Arte Pública: Uma
possível apropriação de conceito”. Segundo Mário Jorge, o foco será na
relação entre arte e sua atuação no espaço urbano, “na forma como o
teatro de rua promove o acesso do espectador comum, como ela é
importante para fazer o poder público olhar mais para estas
manifestações”.
Para compor a mesa, foi convidado o ator
carioca Licko Turle, que iniciou suas atividades profissionais com
Augusto Boal em 1986, e hoje dirige o Grupo Tá na Rua. Participam ainda
Robson Cavalcante, do grupo Arte Jucá e o pesquisador cearense Gyl
Giffony.
SERVIÇO
I Festival Nacional de Teatro de Rua
Quando: Até dia 26.
Onde: Ruas e praças de Maracanaú, Maranguape e Pacatuba.
Entrada franca.
Outras informações: 3382 2430
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