terça-feira, 23 de outubro de 2012

O teatro sai à rua




Entra em cena o I Festival Nacional de Teatro de Rua, com apresentações teatrais e debates sobre o espaço público apropriado pela arte


No teatro de rua, o corpo e a voz do ator pulsam no espaço aberto. É no local público, terreno de todos, que a linguagem teatral mais se aproxima de seu espectador. Com a proposta de fazer circular uma programação que, comumente, se atém aos limites da Capital, entra em cena a mostra de espetáculos do I Festival Nacional de Teatro de Rua do Ceará (FNTR-CE).

Dez companhias de todo o País participam do evento voltado unicamente para a região metropolitana. Maracanaú, Maranguape e Pacatuba são as cidades-palco do FNTR-CE, organizado pelos grupos cearenses Garajal e Pavilhão da Magnólia. Em esquema rotativo e simultâneo, os três municípios recebem a programação integral que segue até o dia 26 deste mês.

Segundo o diretor do Pavilhão da Magnólia, Nelson Albuquerque, o teatro de rua traz consigo a democratização da arte ao proporcioná-la para as pessoas que estão na rua. “Ele é mais acessível, com uma linguagem mais popular, que se aproxima das pessoas. Além disto, está dentro de um conceito de ocupação da cidade e de seus espaços públicos, para que eles sejam apropriados pela arte. Essas manifestações também possibilitam o encontro fora dos espaços fechados, já que hoje as pessoas têm medo de ir pra rua”, acredita Nelson, também coordenador do festival.

Integram a programação, o goiano Teatro que Roda com o esperado Das Saborosas Aventuras de Dom Quixote De La Mancha e Seu Escudeiro Sancho Pança. O paraibano Ser Tão Teatro, encena Flor de Macambira e a companhia paulista Buraco d’Oráculo fecha as atrações nacionais com o trabalho Ser Tão Ser. Os cearenses estão representados pelos grupos D. Zefinha, Nóis de Teatro e Os Pícaros Incorrigíveis.

Comemoração
O I Festival Nacional de Teatro de Rua marca o início das comemorações aos dez anos de estrada do Grupo Garajal, de Maracanaú, celebrados em 2013. O coletivo surgiu desenvolvendo técnicas teatrais como ferramenta de resgate da cultura popular no município distante 24,6 km de Fortaleza, sempre focando no teatro de rua, de bonecos e no circo.

De acordo com Mario Jorge Maninho, diretor do Garajal, este festival atua ainda como impulsionador das ações culturais desenvolvidas pelos artistas locais. A intenção é minimizar as razões para a migração de grupos artísticos para a Capital. “É importante colocar que no Ceará existem festivais de grande porte, como é o caso de Guaramiranga (Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga), o Cariri (Mostra Sesc Cariri de Cultura) e o Festival dos Inhamuns. A região metropolitana estava precisando de uma ação como esta”, reconhece.

“Para a próxima edição já pensamos em fazer em outras três cidades, para que este corredor cultural que se concentra em Fortaleza possa escoar para outras localidades esta programação cultural. É importante reconhecer que os nomes destas cidades vão percorrer junto com estes grupos”, completa Nelson Albuquerque.

Teatro e Rua
Durante todo o dia de hoje, os artistas entram no Teatro Dorian Sampaio, em Maracanaú, desta vez para debater o “Teatro de Rua e a Arte Pública: Uma possível apropriação de conceito”. Segundo Mário Jorge, o foco será na relação entre arte e sua atuação no espaço urbano, “na forma como o teatro de rua promove o acesso do espectador comum, como ela é importante para fazer o poder público olhar mais para estas manifestações”.

Para compor a mesa, foi convidado o ator carioca Licko Turle, que iniciou suas atividades profissionais com Augusto Boal em 1986, e hoje dirige o Grupo Tá na Rua. Participam ainda Robson Cavalcante, do grupo Arte Jucá e o pesquisador cearense Gyl Giffony.

SERVIÇO

I Festival Nacional de Teatro de Rua
Quando: Até dia 26.
Onde: Ruas e praças de Maracanaú, Maranguape e Pacatuba.
Entrada franca.
Outras informações: 3382 2430

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